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Parque Nacional Nahuel Huapi, Bariloche

Cerro Tronador e Ventisquero Negro, Bariloche


A natureza é extremamente generosa, linda. Mas ela também pode ser terrível, assustadora. Quando visitamos o Cerro Tronador em Bariloche, novamente me lembrei que essa energia vigorosa chamada natureza é imprevisível, incontrolável. Para chegar ao lago de degelo formado pelo Ventisquero Negro (geleira negra) e observar os desmoronamentos do gelo e os estrondos que fazem quando despencam (por isso o nome Tronador), a gente anda bastante tempo dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi, onde o Tronador está localizado.

Na portaria do parque você paga AR$ 50 para entrar. Nós fomos de van pois compramos o passeio com uma agência. Conosco estavam quatro argentinos e quatro brasileiros (seis comigo e com Marcos). Mas muita gente vai de carro.

A estrada é toda de terra, mas muito boa. Parece que no inverno acontece de terem que fechar o caminho por causa da neve. Então, se você for na época da neve mesmo, fique atento.

Quando estávamos todos na van a caminho no PN Nahuel Huapi, começou a aula de história, geografia, biologia… :) é que nosso guia nesse passeio, o Rodi, é daqueles que arrebentam nas explicações. Eu sou um pouco avessa às excursões, especialmente quando são com ônibus. A bagunça, os atrasos, a muvuca, a falta de respeito de algumas pessoas acabam tirando a graça de alguns passeios. Mas felizmente não foi esse o caso, a turma era tranquila, os brasileiros que estavam conosco eram muito educados e bacanas. Gostei de ter feito esse passeio com o guia pois ele nos contou muitas curiosidades sobre a história de Bariloche.

O Tronador possui três cumes: um argentino, um chileno e um bem na fronteira que é denomidado internacional. Essa linda montanha já levou muitas vidas daqueles que ousaram subí-la. O Cerro separa dois Parques Nacionais, o Vicente Pérez Rosales em Llanquihue, Chile e o Nahuel Huapi, em Rio Negro e Neuquén, Argentina.

O caminho por dentro do parque é muito interessante, recheado de paisagens lindas e muita energia positiva!

Estrada dentro do PN Nahuel Huapi, a caminho do Cerro Tronador
Estrada dentro do PN Nahuel Huapi, a caminho do Cerro Tronador
Casinhas pitorescas do parque
Casinhas pitorescas do parque

Logo no início Rodi nos contou sobre a importância do Sr. Francisco Pascasio Moreno, conhecido como Perito Moreno, para a Argentina e em especial para a Patagônia Argentina. Perito Moreno dá nome à geleira que descobriu na cidade patagônica de El Calafate. Seus restos mortais repousam na Ilha Sentinela, em Bariloche, no lago Nahuel Huapi. Moreno foi peça chave no estabelecimento das divisas que hoje separam Chile e Argentina, prestou muitos serviços ao governo Argentino e recebeu muitas terras como pagamento. No fim da vida doou-as todas ao Estado para a crição do primeiro Parque Nacional da Argentina, atualmente o PN Nahuel Huapi. Moreno morreu na pobreza, sem nenhum pedaço de terra sequer. Uma história extensa sobre uma personalidade interessante.

Paramos no primeiro mirante do dia, ainda na estrada de asfalto para observar o Lago Gutierrez. Lindo, calmo. Uma beleza tão serena e tão impressionante.

Muitas fotos depois, continuamos nosso caminho até o parque. Rodi nos mostrou uma espécie de fungo que dá nas árvores chamadas Coihues. No parque pudemos ver muitos deles. Seu nome científico é “Cyttaria harioti” e foi apelidado pelos Mapuches de llao llao, que no idioma deles significa “gostoso gostoso, doce doce”. Diz Rodi que tais fungos nada têm de doces e gostosos, mas pelo jeito, o paladar dos Mapuches era outro. Eu não me arriscaria para descobrir. O nome do famoso hotel de luxo de Bariloche, o Llao Llao, vem daí.

Lago Gutierrez visto do mirante ainda na estrada
Lago Gutierrez visto do mirante ainda na estrada

Rodi explicou que em 2009 choveu em Bariloche vinte e dois dias sem parar. A quantidade de água fez com que a barragem do lago onde fica o Ventisquero Negro se rompesse, causando uma grande devastação por onde a água passou. O Rio Manso teve seu curso desviado e o lago verde do Tronador nunca mais chegou ao mesmo nível de água que tinha anteriormente.

Um pouco da devastação causada pelo rompimento da barragem
Um pouco da devastação causada pelo rompimento da barragem

Esse mesmo fenômeno fez com que muitas pedras despencassem deixando pelo caminho um rastro de destruição. Passamos por algumas delas, algumas do tamanho de carros e outras ainda maiores.

Quando o Parque Nacional Nahuel Huapi abraçou a porção de terras onde hoje está o caminho para o Tronador, encontraram um problema. A área era habitada por lenhadores, que viviam de cortar lenha para sustentar suas famílias. Com a chegada do Parque Nacional, eles não poderiam mais cortar árvores pois isso seria proibido. Mas as famílas não poderiam ficar sem trabalho, despejadas na rua da amargura sem nenhuma ajuda. Decidiu-se então que aquelas famílias teriam o direito de explorar o comércio no parque e, até hoje, é o que acontece. Seus descendentes mantêm hotéis e restaurantes na área do Parque. Nesses locais encontramos banheiros e comércio de produtos como queijos, cafés, etc.

Uma das paradas no PN Nahuel Huapi, a caminho do Cerro Tronador
Uma das paradas no PN Nahuel Huapi, a caminho do Cerro Tronador

Quanto mais andávamos, mais paisagens bonitas encontrávamos. Motivos para foto? Aos montes!

Fizemos uma parada em Playa Negra. Um lindo lugar para apreciar as águas calmas do Lago Mascardi com as montanhas nevadas ao fundo e tirar muitas fotos.

Playa Negra, caminho para o Cerro Tronador. Lago Mascardi
Playa Negra, caminho para o Cerro Tronador. Lago Mascardi

Continuamos um pouco mais pela estradinha interessante do parque.

Parte da estrada dentro do PN Nahuel Huapi
Parte da estrada dentro do PN Nahuel Huapi

Chegamos a uma localidade chamada Los Rapidos, onde tem uma linda ponte que atravessa o rio numa parte com uma pequena corredeira. Olhando suas águas cristalinas, identificamos muitas trutas que, de acordo com Rodi, estavam se reproduzindo.

Trutas nas águas transparentes o Rio Manso
Trutas nas águas transparentes do rio

O lugar é lindo, pena que paramos só por cerca de dez minutos. Aqui existe um pequeno comércio onde se pode comprar um chá ou café quentinhos e também há toilets.

PN Nahuel Huapi, Los Rápidos. A caminho do Cerro Tronador
PN Nahuel Huapi, Los Rápidos. A caminho do Cerro Tronador
Mais uma paisagem do PN Nahuel Huapi
Mais uma paisagem do PN Nahuel Huapi

Por todos os lados eu via muitas coisas interessantes e muitas fotos. Pouco tempo, correria… mas valeu cada minuto. O passeio ao Cerro Tronador foi um dos que mais gostei. O Parque é lindo, cheio de energia boa, super bem cuidado e com paisagens e vegetação muito interessantes. É daqueles passeios lindos do começo ao fim.

Andamos um pouco mais e Rodi nos explicava sobre a fauna e a flora local. Adoro aprender! Adoro conhecer fatos sobre os locais que visito.

Enquanto a maioria tomava um chá ou um café quente na lanchonete para espantar o frio, eu e Marcos ficamos de um lado a outro fotografando e observando aquela beleza diferente. O tempo não estava dos mais amigáveis, mas mesmo assim a paisagem era tão bela e tão feliz que não tivemos muito trabalho em captar a beleza dos locais por onde passamos.

Bem, todos de volta à van e partimos para a estrada novamente. Eu pensava que não haveria para frente nada mais lindo do que o quê já havíamos visto até então. Enganei-me completamente. Quanto mais andávamos, mais beleza víamos.

Paramos em mais um mirante. Uau!
Antes de descermos da van, Rodi nos disse que a ilha que avistaríamos tinha um apelido e sugeriu que adivinhássemos.

Mirante para o Lago Mascardi, dentro do PN Nahuel Huapi
Mirante para o Lago Mascardi, dentro do PN Nahuel Huapi

À esquerda da foto vemos uma pequena ponta da ilha a que Rodi se referia. Daquele mirante o formato da ilha não é muito sugestivo. Rodi então explicou que existe uma lenda antiga que envolve aquela ilha, conhecida como Isla Corazón (esse é seu formato visto de cima). Conta a lenda que há muito tempo naquela área habitavam dois povos inimigos. O governante de um dos povos teve uma filha menina e o outro, um filho menino. As crianças cresceram e um dia se conheceram e se apaixonaram. Aborrecidos com a impossibilidade de viver seu romance por conta da inimizade de seus povos, decidiram fugir. Seus pais, no entanto, não ficaram felizes com a idéia e mandaram caçá-los. Encontraram o casal em uma gruta e decidiram então sacrificar ambos como punição por sua desobediencia. Cada um foi amarrado a uma pequena ilha do lago e ali morreram. Mas sua vontade de ficar juntos era muito forte e, mesmo depois de mortos, seus espíritos uniram as duas ilhas para que pudessem viver juntos.

Isla Corazón no lago Mascardi dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi
Isla Corazón no lago Mascardi dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi

Ok, me convenci de que não existiria paisagem mais linda que aquela. Tiramos muitas fotos e voltamos para a van para seguir caminho. Uns minutos depois Rodi avisa que pararíamos novamente para mais uma olhada no lago Mascardi. Alguns passinhos e encontramos essa paisagem:

Pier no lago Mascardi
Pier no lago Mascardi

Tanto lugar lindo, tantas possibilidades para brincar com fotografia que, confesso, cliquei muito, tudo, toda hora. :P

Do pier do Lago Mascardi, mas uma linda vista
Do pier do Lago Mascardi, mas uma linda vista

Rodi chamou e fomos todos de volta para a van, mas não sem ficar com aquela pergunta que nos fizemos durante todo o passeio: “mas já?”

É claro que ficou bastante óbvio que depois de ver aquela paisagem com o pier, o lindo reflexo nas águas, a beleza do junco… não teria nada mais lindo. É… nós fazemos sempre pré-julgamentos, baseados nas experiências que já temos.

Alguns minutos depois chegamos em Pampa Linda, já na hora do almoço. O nome já evidencia que o lugar é lindo, não é? É sim. Almoçamos um nhoque com molho bolognesa e um pedaço de carne assada. Caro e nada de especial, mas a fome agradeceu muito. O restaurante tem poucas opções, mas se pode escolher um outro cardápio. Equanto o almoço alegrava o estômago, a vista alegrava os olhos e o coração. Imagina o motivo? Veja só:

Tronador visto da janela do restaurante em Pampa Linda
Tronador visto da janela do restaurante em Pampa Linda

Bonito, né? Pois é… uma delícia de lugar! E quem disse que nada seria mais lindo que as paisagens anteriores? Se eu tivesse apostado com alguém… ai ai ai. :)

Enquanto esperávamos o grupo, rodei por Pampa Linda com a câmera na mão. Foram tantas fotos que custei realmente a escolher as que viriam para esse post.

As melhores vistas do monte em si são em Pampa Linda.

Novamente mais um pedaço percorrido de van, mais aulas interessantes do Rodi e finalmente chegamos ao lago de degelo do tronador. E, novamente, beleza de arrepiar.

Lago de degelo do Cerro Tronador
Lago de degelo do Cerro Tronador

Os pedaços escuros boiando no lago são pedaços de gelo, do Ventisquero Negro. A geleira desce branquinha e vem se misturando com pedras, areias e outras substâncias do solo e, por isso, fica escura. Mas, sim, o que bóia nesse lago é gelo. A cor verde, explicou o guia, é devido a alguns minerais que o gelo carrega.

Um pouco por lá e conseguimos ouvir alguns estrondos da geleira despencando. Infelizmente, o barulho chega depois que o pedaço da geleira já desmoronou. Quem quiser ver o fenômeno não pode desgrudar os olhos da montanha. Bem, minha câmera muito malvada não me deixou ficar olhando unicamente para a montanha, quis explorar o local e registrar muitos detalhes. Contentou-se, então, só com o barulho. ;)

Quem vai a Bariloche e gosta de natureza, fotografia e beleza, não pode deixar de visitar o Cerro Tronador. No cerro há neve o ano todo no topo da montanha. Nos meses de inverno o acesso fica complicado, por isso acho mais razoável ir com guia quando as estradas estão com muita neve.

Passeio show!

E como diria o Rodi “sacamos unas lindas, pero muy lindas fotos”. :D

Vale a pena, a galinha e o galinheiro. E o falcão também! Ô!

Falcão curioso em Pampa Linda
Falcão curioso em Pampa Linda

Nosso videozinho feito durante esse passeio:

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Apaixonada por viagens, natureza, lugares lindos e interessantes e por fotografia. Viajei pouco até hoje, mas curti cada viagem e tirei delas o melhor que pude. Viajar e fotografia são paixões de infância! Criei esse blog para compartilhar minhas experiências durante minhas viagens e trilhas feitas com meu marido. Trocando informações, todo mundo se ajuda! :)

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