Quem não leu o meu primeiro post sobre o Vale Sagrado, leia.
Após o sufoco em Pisaq, fomos almoçar no restaurante em Urubamba, outra cidade do Vale Sagrado mas que não tem muitos atrativos. O guia nos levou ao restaurante Illati. O almoço é tipo self-service com direito a uma sobremesa e já estava incluido no pacote, mas bebidas à parte. A comida do Illati não é nada demais, mas quebra o galho.
No restaurante há banheiros, mas nada de papel! Lembra da dica que tenho repetido em quase todos os posts sobre o Peru? Então, leve o seu papel higiênico.
Saímos de Urubamba com destino a Ollantaytambo que fica a aproximadamente 60km de Cusco. Ollanta, como é chamada pelos locais, é uma cidadezinha pobre e que parece ter parado no tempo. Muitas ruas de pedra, ruínas, cholas, crianças vestidas a caráter.
Há uma pequena feirinha bem na entrada das ruínas. Ali é o ponto de parada dos ônibus de excursão.Mais uma vez prepare-se para se cansar. Muitos degraus dão acesso às ruínas da fortaleza de Ollantytambo, um complexo militar, administrativo, agrícola e também religioso. Em Ollanta você encontra o Templo do Sol e outros locais com suas pedras incrivelmente grandes e bem polidas. É, sem dúvida, uma obra muito interessante.
Quando o guia nos mostrou de onde transportaram todas as pedras, inclusive os seis monolitos, não acreditei. Os Quechuas eram mesmo um povo muito determinado. A pedreira de onde tiraram os blocos que hoje estão no sítio, fica do outro lado do vale, numa montanha. Você fica olhando e imaginando a trabalheira…No monolito do meio está esculpida meia Chakana (a cruz andina, que nada tem a ver com o Cristianismo).
O drama de OllantaytamboAcredita-se que o nome Ollantaytambo vem da época do General Ollantay, chefe do exército Inca que havia sido protagonista de um drama de amor. Conta-se que o General Ollantay era de origem plebéia e foi condecorado por Pachacutec (considerado o primeiro Inca) general de seu exército em agradecimento ao excelente serviço prestado por Ollantay. Confiante na eficiência de seu general, Pachacútec prometeu a ele o que quisesse em troca da expansão do Império Inca. O general compriu sua função ajudando o Inca em sua investida de crescimento. No entanto, Ollantay se apaixonou por Kusi Quyllur (Estrela Alegre), filha do Inca Pachacutec e como troca pelas conquistas, pediu sua mão. De acordo com a tradição Inca, um plebeu jamais poderia sonhar se casar com uma princesa. O Inca enfurecido negou e encarcerou sua filha num calabouço para que lá ela tivesse seu bebê, fruto do amor com Ollantay.
Desesperado por achar que sua amada havia sido morta, Ollantay deserta e foge para a cidade que hoje leva seu nome. Estabelece lá seu próprio exército para combater Pachacutec. Diz a história que por dez anos, até sua morte, Pachacutec enviou tropas no intuito de capturar Ollantay, mas todas foram derrotadas pelo antigo general.
Com a morte de Pachacutec, assume o reino seu filho Túpac Yupanqui, que não desiste de capturar Ollantay. O general Rumi Ñahui, que havia falhado outras vezes em sua tentativa de capturar Ollantay, dessa vez trabalha com astúcia. Aparece ferido às portas de Ollantaytambo dizendo-se expulso pelo novo rei. Ollantay acolhe Rumi Ñahui, que durante uma festa abre as portas da cidade ao seu exército, que finalmente captura Ollantay e seus colaboradores.Levados a Yupanqui, o rei estipula a pena de morte, mas na última hora perdoa o antigo general condecorando-o general maior e lhe concedendo a mão da princesa Kusi Quyllur, encarcerada desde então com sua filha por dez longos anos. E assim, com final feliz, termina o drama do general Ollantay. Essa história virou livro, peça teatral e tem importância significativa na história do povo Quechua.
A importância de Ollantaytambo
Ollanta, como é chamada pelos locais, não tinha só importância militar. A cidade possui um armazém na montanha que era vigiado noite e dia. Há também um observatório astronômico bem elaborado, construido estrategicamente na montanha. Mais acima na montanha o rosto de um Inca guarda a cidade. Não se sabe se a imagem foi moldada, mas acredita-se que seja natural.
Na foto abaixo você vai ver duas construções horizontais mais claras na montanha. A construção horizontal da direita servia como depósito de alimentos. A mais fina da esquerda era o observatório astronômico. Atualmente é possível chegar ao depósito mas a trilha que chegava ao observatório foi destruida por um deslizamento de terra impossibilitando a visita. O rosto do Inca fica na lateral esquerda dessa mesma montanha. Percebe-se que como a maioria (se não todas) as construções Incas mais importantes, o sítio arqueológico de Ollantaytambo está em um local estratégico. De lá se tem uma vista privilegiada para vários pontos do vale.Após a explicação do guia, fomos explorar o local. A tarde já estava no fim e a noite já estava começando a cair.
Dê-se tempo. Aproveite o sítio com calma, vale!
No sítio arqueológico de Ollantaytambo há banheiros. Novamente lembro: leve seu papel higiênico.
Saímos do sítio com peninha, mas precisávamos pegar o trem e não queríamos chegar lá em cima da hora. Na saída passei na feirinha e depois de pechinchar bastante comprei dois bastões de caminhada (claro, nenhum Black Diamond, mas…) por 45 s/.
Fomos caminhando mais um pouco pelas ruas de pedra, observando o povo, os turistas. Eu gostaria de ter passado pelo menos um dia e uma noite em Ollantaytabo. Se retornar um dia, certamente farei isso. Embora a cidade seja humilde e bem conservada, há muitos restaurantes e pousadas.
Há uma parte mais nova na cidade, que fica mais perto da estação de trem. Mas a parte interessante é antiga com suas ruelas de pedra, com o povo local e toda sua história.
Após uma rápida olhada pela cidade, fomos para a estação para pegar o trem que nos levaria a Águas Calientes. Do sítio arqueológico até a estação é bem perto e dá pra ir caminhando. Mas se o cansaço falar mais alto, vale a pena pagar 1 s/ por um transporte tipo romizeta.
Essa foi nossa última visita no Vale Sagrado de Los Incas. O passeio vale a pena, mas os mais exigentes como nós, acharão muito corrido. Há várias maneiras de você conhecer as cidades do Vale Sagrado. Você pode comprar um passeio com agência e ir de ônibus, pode combinar o passeio com um taxi, pode pegar ônibus e ir fazendo baldeações pelo caminho. Enfim, seja qual for o transporte que você escolher, não deixe de visitar o Vale Sagrado dos Incas.
Ollantaytambo conquistou meu coração. Pela beleza, pela história, pela simplicidade, pelas ruínas e pela energia do lugar. É daqueles passeios que a gente fica com a sensação de “mas já acabou?”.
Outros posts sobre o Peru:
– Águas Calientes (ou Machu Picchu Pueblo), no caminho para a cidade dos Incas
– Museu Histórico Regional de Cusco
– Museu Inca de Cusco
– Hotel Inti Pata, Águas Calientes
– Onde comer em Cusco e região gastando pouco
– Valle Sagrado de Los Incas – Parte I: Pisaq
– Salineras de Maras, Terraços de Moray e lã em Chinchero, Peru
– Soroche ou mal da altitude. O que é e como evitar
– City tour de Cusco pelas ruínas Incas
– Hotel Royal Qosqo, Cusco
– Como chegar a Machu Picchu e retornar a Cusco
– Cusco: o umbigo do mundo fica no Peru
– Preparando uma viagem a Machu Picchu, Peru
– Machu Picchu, a cidade Inca nas montanhas
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23 Comments
Bianka
fevereiro 17, 2016 at 3:57 pmOla Camila,
adorei seu blog. Também vou fazer os passeios ao Peru no mesmo mês q vcs fizeram. Poderia falar mais sobre o clima e as temperaturas nos vários locais em que esteve?
Obrigada, Bianka
Camila Guerra
fevereiro 18, 2016 at 11:44 amOi, Bianka!
Não sei te dizer a temperatura exata que enfrentamos, mas no geral, estava relativamente quente durante o dia e bem fresquinho durante à noite. Mas isso depende do tipo de temperatura que você aguenta. Nós aqui na minha cidade estamos acostumados com clima frio. Todos foram de shorts para Machu Picchu e eu me arrependi demais de ter ido de calça comprida, estava muito calor. Se tiver uma calça-bermuda, acho que é o ideal. No restante dos passeios usamos calça e camiseta. Geralmente estava bem quente no sol e fresquinho na sombra, a ponto de colocarmos blusa. Durante a noite esfriava bastante para uma blusa de fleece mais quente. Em Saqcsaywaman, por exemplo, venta MUITO e tive que colocar o corta vento, gorrinho e luva. Mas foi o único lugar que usei esses apetrechos.
[]’s
Joiceana
março 11, 2014 at 2:31 amOlá, tudo bem?!
Adorei as dicas, mas tenho uma dúvida, quero fazer o passeio e ao final pegar o trem, assim como você fez, mas, e a mala??? A gente carrega o tempo todo??? Fica no ônibus/van??? É seguro???
Camila Guerra
março 11, 2014 at 11:52 pmOi, Joiceana!
Se for voltar para a mesma cidade, deixe a mala no seu hotel. Todos eles têm um quarto só para isso e não cobram nada para guardar a bagagem dos hóspedes.
[]’s
Paulo Martinelli
janeiro 6, 2014 at 6:11 pmFiquei com uma dúvida a respeito dos passeios que preciso entender: Nas empresas que oferecem o passeio li que as entradas nas atrações estão inclusas, então porque é necessário adquirir o Boleto Turístico, ou existe a opção de tem o boleto e quem não tem ?
Grato
Camila Guerra
janeiro 6, 2014 at 11:42 pmPaulo, aí depende muito.
Quando fui negociar os passeios a agência me perguntou se eu já tinha o boleto pois se não tivesse eles me aconselhariam a comprar.
Com o boleto as entradas acabam ficando bem mais baratas. Precisa ver com a agência quais são as entradas que estão incluídas nos passeios que você vai fazer e se compensa comprar o boleto por fora e comprar o passeio sem as entradas. Lá tudo é negociável.
[]’s
Paulo Martinelli
janeiro 13, 2014 at 1:27 pmValeu Camila:
Mais algumas dicas que vou pedir para voce: O city tour vale a pena fazer com ou sem guia ? Li que visitar Machu Pichu com guia não é legal porque o lugar por si só já diz tudo e com o guia voce fica preso e condicionado ao horário.
Outra coisa: voce dormiu em Aguas Calientes e depois foi para MP ???
Grato pelas repostas.
Camila Guerra
janeiro 13, 2014 at 1:48 pmPaulo, vamos lá:
1) City Tour:
– Se tiver com quem dividir o custo de um taxi, vale a pena fazer particular com um taxista que também sirva de guia. Nessa opção você faz seu horário em cada lugar.
– O city tour com agência é aquela coisa corrida e formatada. Não é que seja ruim, mas você fica totalmente preso ao horário do grupo e no fim é levado para uma loja de roupas que de barato não tem nada.
– Para os mais “duros”, há possibilidade de pegar um ônibus até Tambomachay e descer a pé percorrendo os outros sítios. O ruim aqui é que tem trechos longos (e desertos) para fazer a pé e pode demorar o dia todo.
2) Machu Picchu:
– Eu gostei de fazer o tour com o guia pois acho que sem ele não dá pra conhecer a história do local e nem o significado das pedras. Se fizer com guia minha sugestão é que chegue cedo, percorra a parte baixa, faça Huayna Picchu e depois encontre um guia na portaria, fique com ele para o tour e depois faça o restante (outras trilhas, por exemplo) sozinho.
– Você pode comprar um guia de papel e conhecer a história da cidade sozinho. O guia impresso é vendido na entrada do parque mas não é baratinho.
– Se não se importar com a história do local e as explicações do guia, então faça o tour sozinho. Depende de você
3) Sim, pernoitei em Águas Calientes. Dá uma lida nos meus outros posts da série Peru que você vai encontrar muita coisa explicadinha: http://bit.ly/1eOJ31g
[]’s
Paulo Martinelli
janeiro 21, 2014 at 12:02 amEntendi suas explicações. Estou indo para o Peru de carro via Chile e por isso estou querendo essas informações detalhadas. Estou atento não somente nesse site como em outros, mas aqui está tudo bem completo.
Valeu….
Camila Guerra
janeiro 21, 2014 at 12:18 amBeleza, Paulo! Vai fazer uma viagem e tanto! :)
Se precisar de mais informações é só perguntar.
[]’s
Thais
janeiro 5, 2014 at 2:57 amOi Camila, meu nome é Thaís e adoro viajar…
Estou adorando seu blog, que está sendo mto útil pra eu e meu noivo programarmos nossa viagem para o Perú em abril deste ano. Tenho umas dúvidas sobre o Vale Sagrado, se vc puder me dar umas dicas…Lá vai:
1) Vc foi do Vale Sagrado para Águas Calientes com sua bagagem? Se sim, o que fez com elas durante o passeio? Deixou em algum lugar?
2) Com qual agência de Turismo vc fechou esse passeio do Vale Sagrado???
Novamente te agradeço…
Beijos
Camila Guerra
janeiro 5, 2014 at 3:20 pmOi Thaís, Obrigada!
1) Deixei a bagagem no hotel em Cusco e fui só com uma mochila simples. Os hotéis em Cusco têm um cômodo para guardar bagagens e não cobram nada por isso. No hotel em Águas Calientes deixei algumas coisas também como roupa suja, coisinhas que comprei e etc.
2) Fechei todos os meus passeios com a Peru Golden Treks & Expeditions (Galerías La Merced).
[]’s
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julho 22, 2013 at 11:28 pmHelder Ribeiro
junho 12, 2013 at 3:46 pmEste foi um dos lugares que eu mais gostei quando visitei o Peru em 2007. Concordo com tudo que você falou da cidade. Parece que parou no tempo mesmo, é impressionante. E também fique com muita vontade de voltar, quem sabe um dia :)
Parabéns pelo post!
Abraços,
Helder
Camila Guerra
junho 12, 2013 at 4:04 pmOlá, Helder!
Acho que dá pra passar um dia inteirinho ali, só na cidade… Ollanta é uma gracinha.
Também pretendo voltar. O Peru estava na lista de desejos antes da viagem e depois voltou pra lista. Rsrrs… :)
[]’s
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