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Olha eu aí apreciando a beleza do dia.

Pedra do Sino com pernoite, PARNASO Teresópolis


Depois de um tempão sem fazer uma triha pesada, resolvemos visitar a Pedra do Sino antes que a temporada de montanha chegasse ao fim. Havíamos programado essa trilha várias vezes durante a temporada, mas sempre acontecia algo que nos impedia de ir, quando São Pedro não mandava chuva e tempo feio para melar nossos planos. Conseguimos ir no último dia de agosto e demos a sorte de pegar dois dias lindos!

Cidade de Teresópolis vista da trilha para o Sino. Ao fundo os Três Picos de Friburgo

Cidade de Teresópolis vista da trilha para o Sino. Ao fundo os Três Picos de Friburgo


A pedra do Sino fica no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, sede Teresópolis. A 2.275m de altitude e 13km morro acima, já dá pra imaginar que é uma caminhada bem pesada. Nós estávamos fora de forma e sofremos um pouco pra chegar carregando nossas mochilas cargueiras que estavam bem pesadinhas. Até o abrigo 4, onde se pode dormir ou acampar, são 11km, que percorremos em 6 horas.

Preferimos subir numa sexta feira e descer num sábado, já que de sábado para domingo o parque fica super lotado e o abrigo também, especialmente por causa da travessia Petrópolis x Teresópolis, que muita gente começa na sexta e pernoita no Sino de sábado para domingo.

Quem deixa para comprar as entradas na hora só pode começar a subir depois das 8h, quando a bilheteria abre. Como já havíamos comprado tudo online pelo site de vendas do PARNASO começamos a subir às 7h (comprando online você pode começar a subir às 6h). Imprimi o comprovante e saímos de Petrópolis às 5:30h da manhã com destino a Teresópolis. Na portaria os guardas verificaram que nossa compra não havia sido registrada no controle deles. Então não se esqueça de imprimir o comprovante para não ter problemas na entrada.

É possível deixar o carro dentro do parque e foi o que fizemos. Paga-se R$ 5 por dia. O chato é que não é permitido deixar o carro na barragem (onde a trilha começa), então subimos com o carro até lá, deixamos as mochilas e Marcos desceu para guardar o carro na pousada dentro do parque e depois subiu a pé. Foi quando eu percebi que havia esquecido de colocar o pente de memória na minha câmera. Dá pra imaginar a minha decepção, né? Fiquei super triste e frustrada, mas pelo menos Marcos iria registrar o passeio com a câmera dele… ô cabeça de vento a minha! :(

Cachoeira Véu da Noiva, nesse dia, seca.

Cachoeira Véu da Noiva, nesse dia, seca.

A parte mais difícil da caminhada é, sem dúvida, o caminho de pedras e a trilha que sobe bem até a cachoeira Véu da Noiva. Nesse dia, nada de véu. Cachoeira seca rendeu poucas fotos e um rápido descanso. A trilha ainda continua um pouco chatinha depois da cachoeira, mas logo melhora subindo em zigue-zague um pouco mais leve.

No caminho fizemos várias paradas para descanso, observamos a cidade de Teresópolis por alguns mirantes ao longo da trilha e tiramos poucas fotos. Estávamos preocupados em chegar no abrigo antes do sol se pôr e, por isso, nos concentramos na subida.

Numa caminhada pesada, a dica para os iniciantes é óbvia: quanto menos peso na mochila, menos você vai sofrer. Mas quando estiver na trilha, saiba respeitar seus limites. Cansou, pare e descanse. Dois minutinhos sentado e sem a cargueira nas costas fazem uma grande diferença. Recupere o fôlego e retome a caminhada. Outra coisa importante é achar o seu rítimo. Não adianta se apressar e ter que parar toda hora. É preferível caminhar mais lento e mais constante.

Os sons da mata são um um show à parte. Muitos pássaros, água, micos, insetos… sons que os ouvidos sensíveis acompanham com cuidado até o fim da trilha. Além dos sons, pequenas belezas alegram a caminhada. Cansativo, mas lindo!

Margaridinhas do mato enfeitando a trilha

Margaridinhas do mato enfeitando a trilha

Muitas belezas interessantes num lindo caminho

Muitas belezas interessantes num lindo caminho

Muitas dessas pela trilha

Muitas dessas pela trilha

Fungos dos mais diversos

Fungos dos mais diversos


Trilha feita quase toda dentro da mata, com poucos trechos expostos ao sol.

Eu já quase no fim da trilha, chegando na parte final perto do abrigo 4

Eu já quase no fim da trilha, chegando na parte final perto do abrigo 4


Fomos os primeiros a chegar no abrigo 4 e soubemos que até aquele momento havia somente mais um grupo registrado. Ficamos felizes em saber que não ficaria lotado. Mas nossa alegria durou pouco. As pessoas foram chegando, chegando e continuaram chegando até às 4h da manhã. Sinônimo de muita falação e uma noite mal dormida. Por sorte Marcos havia levado um MP3 e um fone de ouvido e acabou se distraindo ouvindo Yes madrugada adentro. Mas eu fui obrigada a ouvir conversa mesmo. Sim, há horário de silêncio que começa às 22h. Nesse horário os responsáveis pelo abrigo avisam que “chegou a hora de dormir” e pedem que todos respeitem. Mas é claro que muita gente não está nem aí pro sono alheio e conversa alto, noite adentro. Eu e Marcos reclamamos algumas vezes, mas não adiantou muito não. Aliás, barulho na hora de dormir é uma das coisas que mais me incomodam e foi um dos motivos que me levaram a fazer o manual do viajante educado.

Bem, chegamos, montamos nossa barraca, arrumamos as coisas, descansamos e no fim da tarde subimos os últimos 2km até a Pedra do Sino para ver o pôr do sol. Quem não tem ou não quer levar barraca, pode dormir em beliches no abrigo ou alugar uma barraca do parque. Os responsáveis pelo abrigam montam e desmontam a barraca pra você. Mas em qualquer hipótese você precisa levar seu saco de dormir.

Vale comentar aqui que a trilha até o abrigo não tem erro. É uma trilha óbvia, bem aberta e de fácil orientação. A trilha do abrigo até o cume do Sino já não é tão óbvia assim. Os primeiros metros são fáceis, mas quando chega nas pedras, há vários atalhos e trilhas sem saída que confundem os que vão pela primeira vez. Nós percorremos esse trecho com sol já baixo, atrapalhando a visão e já íamos seguindo direto pela trilha que leva para a travessia até o Açu. Começamos a desconfiar que algo estava errado e retornamos. Em seguida, sem o sol atrapalhando a visão, encontramos marcações numa pedra indicando a subida para o Sino. Aí foi fácil. O percurso quase todo é feito em zigue-zague. A dica é ficar sempre de olho nas marcações nas pedras. Há algumas mas não são muito óbvias.

Marcações com totem e nas pedras indicam "Cume", "Açu". Em outra pedra a marcação indica "Sino"

Marcações com totem e nas pedras indicam “Cume”, “Açu”. Em outra pedra a marcação indica “Sino”


A vista vai ficando cada vez mais bonita. Quando subir, não se esqueça de levar gorro, luvas e casacos quentes e que não passem vento. Faz um frio danado lá em cima!

Vista da subida final para o Sino

Vista da subida final para o Sino


Chegamos ao cume ainda com sol e ficamos lá observando a beleza do lugar. A névoa se formou, desapareceu e o sol se escondeu, protagonizando, como sempre, um espetáculo incrível de luz e cores.

Mesmo com flare, ainda acho que essa imagem representa bem o pôr do sol que presenciamos

Mesmo com flare, ainda acho que essa imagem representa bem o pôr do sol que presenciamos


Voltamos para o abrigo para finalmente fazer o jantar e tomar banho. Aliás, preciso dizer, que banho bom! Uma ducha quentinha que valeu os R$ 10 por 5 minutos de banho. Quem quiser pode utilizar a cozinha e os utensílios do abrigo, mas tem que pagar R$ 10. É uma boa opção para quem não tem fogareiro e panelas leves e para quem quer diminuir o peso da mochila. Durante o dia comemos sandubas, barrinhas de cereais e frutas. Mas eu havia levado meus apetrechos de cozinha e fiz um rango maravilhoso! A fome é o melhor tempero do mundo! :)

Vai uma jantinha aí? :)

Vai uma jantinha aí? :)


Acordamos às 4:30h e foi só o tempo de comer uma barrinha de cereais e partir de novo pro Sino. Era a vez da alvorada dar seu show. Um grupo que havia subido antes de nós havia se perdido e teve que voltar um pedaço. Meu conselho é que você faça a trilha até o cume durante o dia para ficar mais fácil de se achar à noite. Mesmo com lanternas, às vezes bate a dúvida.

Muito vento, muito frio e muito sono. Mas tudo isso desapareceu quando o sol em sua imponência começou a anunciar o novo dia. São momentos como esse que fazem qualquer esforço valer muito a pena. O Sino proporciona uma visão 360° e a gente fica rodando sem saber em qual parte a luz está mais bela.

Cenário lindo, um dia perfeito!

Cenário lindo, um dia perfeito!


Nunca senti tantas saudades da minha câmera como naquele dia! Mas por outro lado, tive mais “sossego” para contemplar melhor o sábado que chegava tão lindo.

Nessa hora a gente conclui que vale todo o esforço!

Nessa hora a gente conclui que vale todo o esforço!


Confesso que passei um tempão escolhendo as fotos para esse post. Concluí que as imagens explicam melhor do que minhas palavras…

A Baixada do Rio com um pedaço da Baía de Guanabara à direita

A Baixada do Rio com um pedaço da Baía de Guanabara à direita


Havia pouca gente no cume. Muitas pessoas não tiveram coragem de levantar com o frio da madrugada e ficaram dormindo. Eu não perderia esse show por nada!

Olha eu aí apreciando a beleza do dia.

Olha eu aí apreciando a beleza do dia.


Quem gosta de sossego, aconselho ir durante a semana ou, pelo menos, numa sexta feira que seja fora das férias. Há períodos em que o parque fica lotado.

Quando o sol foi subindo no céu e a luz foi ficando mais “dura” resolvemos descer. No acampamento tomamos nosso merecido café da manhã, desmontamos a barraca, guardamos tudo, nos despedimos do pessoal do abrigo e começamos a descer.

Marcos descendo a trilha. Parece fácil, mas é ralação também!

Marcos descendo a trilha. Parece fácil, mas é ralação também!


Chegamos na barragem destruídos. Acho que as quatro horas de descida foram bem piores que as 6 de subida. Não sei o que teria sido de nós sem os nossos bastões de caminhada. Acredite, eles fazem uma diferença danada! O dia estava bem mais quente que o anterior. Infelizmente no trajeto de descida topamos algumas vezes com um grupo de garotos jovens, vindos de vários estados, fazendo muito barulho e arruaça na trilha. foi quase impossível ouvir os sons da mata enquanto eles estavam por perto. Ficamos tristes em ver que não respeitavam a sinaização colocada pelo parque e pegavam atalhos proibidos. Um bando de “turistas gafanhoto” atacando novamente! Muito chato! :(

Enquanto descíamos no sábado vimos MUITA gente subindo! Algumas pessoas iriam até o Sino num bate-volta, outras para pernoitar, outras para fazer outras trilhas que passam por ali. Enfim, muita gente buscando a natureza. Mas o que mais me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas que subiram para pernoitar e que me pareceram totalmente despreparadas para enfrentar tanto o frio quando a ralação de uma trilha de montanha. Vi muita gente com as mais diversas coisas penduradas fora da mochila. Outras com bolsas de academia que se apoiam em um só ombro… fiquei pensando no que pensaram aquelas pessoas depois que venceram os primeiros 200-300 metros de trilha. O ideal é levar tudo na mochila para não desequilibrar ou agarrar em galhos. Numa trilha dessas é essencial levar um saco de dormir que aguente bastante frio. Na noite anterior à que dormimos lá, fez -2° e na noite que ficamos lá, geou. O sol quente e o lindo dia escondem a noite fria que pode causar problemas como hipotermia e muito desconforto. Muita gente passa frio pois não procura se informar sobre as particularidades dos locais que visita. Montanha não é brincadeira. É uma atividade que exige cuidado!

A trilha é fácil, mas quem preferir pode serguir o Guia do PARNASO escrito pelo Waldyr Neto e pelo Ernesto Viveiros de Castro, que descrevem essa trilha com detalhes, indicando inclusive, outras trilhas como o Morro da Cruz, o Papudo e outros locais de visitação. Muita gente pernoita no abrigo 4 e no dia seguinte faz várias outras trilhas.

Um passeio muito gostoso por uma linda trilha culminando com a vista fantástica de cima da Pedra do Sino. Não tem coisa melhor. Experimente! ;)

Aproveite e veja nossas 30 dicas de acampamento e um checklist para você não esquecer de nada!

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Apaixonada por viagens, natureza, lugares lindos e interessantes e por fotografia. Viajei pouco até hoje, mas curti cada viagem e tirei delas o melhor que pude. Viajar e fotografia são paixões de infância! Criei esse blog para compartilhar minhas experiências durante minhas viagens e trilhas feitas com meu marido. Trocando informações, todo mundo se ajuda! :)

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