Ushuaia é um marco de viagem para pessoas do mundo todo. É o fim do caminho para quem cruza a Argentina em seus carros, motohomes e campers pela famosa Ruta 3, ou o início para outros que carregam o sonho de chegar ao Alasca cruzando a extensa Ruta Panamericana.
É também um destino repleto de beleza e atividades das mais variadas em todas as estações do ano.
Cercada pela bela Cordilheira dos Andes com seus picos de neve eterna, Ushuaia oferece opções para todos os gostos e bolsos. Com ou sem neve, a cidade encanta e é um destino imperdível.
Quando ir
A melhor época vai depender do objetivo da sua viagem. Se quer esquiar, passear de trenós e motoneves ou ver pinguins, fazer caminhadas, andar de caiaque etc. Veja abaixo uma breve descrição das estações para ajudar a decidir a melhor época para você:
Inverno (meados de junho a meados de setembro): se a sua intenção for esquiar, a estação do Cerro Castor, que fica a cerca de 26 km (meia hora) do centro da cidade, abre em meados de junho e tem atividades até o início de outubro. Julho costuma ser o mês mais frio em Ushuaia e registra temperaturas negativas. É a alta temporada do inverno. Agosto ainda tem bastante neve para as atividades de inverno e em setembro o inverno começa a se despedir da Patagônia.
Primavera (meados de setembro a meados de dezembro): outubro encerra o inverno e traz com ele a primavera para o hemisfério sul. Com isso, os pinguins começam a retornar para Ushuaia e em novembro o frio já está um pouco mais ameno. Dezembro é um mês de dias longos, com muita luz disponível por muitas horas e temperaturas acima dos 5 ºC.
Verão (meados de dezembro a meados de março): para pegar temperaturas mais amenas e ver maiores quantidades de pinguins, fazer caminhadas pelas diversas trilhas nas montanhas da região e conhecer o Parque Nacional Tierra del Fuego, os meses de novembro a março são ideais. Mas lembre-se de que, mesmo no verão, as temperaturas em Ushuaia podem ser muito baixas. O clima por lá, como em toda a Patagônia, é bastante instável e oscila muito em um mesmo dia. Janeiro é, tecnicamente, o mês mais quente da região e a cidade lota de turistas.
Outono (meados de março a meados de junho): o verão vai se despedindo da Patagônia, as folhas começam a ganhar um colorido diferente, cada vez mais amarelado, e as temperaturas começam a cair. Maio traz um frio mais intenso e, muitas vezes, a neve também.
Como chegar
Não há voos diretos do Brasil, então o ideal para quem vai de avião é fazer uma conexão em Buenos Aires. Muitos viajantes optam por chegar à cidade de carro partindo do Brasil. Se essa for a sua escolha, não se esqueça de fazer a sua PID (permissão para dirigir no exterior).
Se for fazer conexão aérea em Buenos Aires, lembre-se de que é muito comum passagens com voo chegando ou partindo pelos aeroportos de Ezeiza ou Aeroparque. Em caso de troca de aeroporto, recomendo optar por uma conexão mais longa (mínimo de 4 horas na ida) para não correr o risco de perdê-la, já que os dois aeroportos ficam distantes um do outro e há bastante trânsito no caminho, especialmente nos dias de semana. Além disso, você ainda terá que passar pela imigração, pegar suas malas e despachá-las novamente.
Ushuaia recebe voos também de Córdoba, de Trelew e de El Calafate.
De avião, na chegada a Ushuaia, vê-se a belíssima e imponente Cordilheira dos Andes. Reserve seu assento do lado direito do avião na chegada a Ushuaia caso queira ter uma visão deslumbrante da cordilheira.
Para quem prefere viajar de ônibus, chegar a Ushuaia desde Buenos Aires é um empreendimento caro e demorado, pois não há ônibus diretos da capital para lá. A saída seria fazer baldeações em algumas outras cidades. Aí vão algumas opções para você pesquisar, caso queira ir de ônibus: Andesmar, Taqsa, FlechaBus, El Vale, Tecni Austral, Condor Estrella, PlusMar e Via Bariloche.
Para ir do aeroporto da cidade até o seu hotel use os taxis disponíveis no próprio aeroporto. Eles ficam estacionados na saída do desembarque e operam com taxímetro. É a melhor opção.
Câmbio x dinheiro x cartão de crédito
No momento, a Argentina sofre com uma inflação avassaladora e, para não desestimular o turismo, em 2022 o governo criou o dólar MEP (ou dólar tarjeta, como eles falam por lá), que é uma forma legal de conseguir um câmbio mais vantajoso. No entanto, o novo governo que assumiu em 2023 liberou o câmbio do dólar, que praticamente dobrou e reduziu a vantagem do dólar MEP para quem usa o cartão de crédito que, no caso dos brasileiros, cobra IOF de 5,38%. Para driblar esse imposto, a solução é usar os cartões de contas globais como Nomad e Wise, que são bem aceitos em toda a Patagônia. No entanto, alguns estabelecimentos só conseguem fazer a cobrança com o cartão físico, outros só com o digital. Por isso, tenha sempre as duas formas disponíveis. Por conta da instabilidade da economia argentina, recomendo investigar as opções mais favoráveis quando sua viagem estiver mais próxima.
Há uma casa de câmbio oficial na cidade de Ushuaia, no entanto, a cotação não é das melhores. O cassino da cidade também costuma trocar dólares com melhor taxa que a casa de câmbio, mas nem sempre estão dispostos a fazer o câmbio.
A melhor opção de câmbio até o momento da publicação deste artigo é o Western Union, que oferece a melhor taxa de conversão na Argentina. A desvantagem é que a fila pode ser demorada e, em algumas situações, pode não ter dinheiro suficiente na agência quando chegar a sua vez.
Fora isso, vários estabelecimentos comerciais oferecem a opção de pagamento em dólar ou em real, alguns com taxas razoáveis. Faça as contas antes de escolher como quer pagar.
Quanto tempo ficar
Para fazer o básico em Ushuaia o ideal é ficar três dias inteiros na cidade. Com isso você terá tempo para fazer os passeios tradicionais e ainda curtir um pouco a orla, a vibe da cidade e seus excelentes restaurantes e cafés. Se tiver mais tempo que isso, não se preocupe, há muitas opções para ocupar bem o seu tempo.
O que ver
Devido à sua localização privilegiada, Ushuaia oferece muitas opções de atividades e passeios. Trekkings, navegação pelo Canal de Beagle, esqui, gastronomia, observação de vida selvagem, tours gastronômicos etc. Aqui vai um resumão para simplificar a sua vida (clique nas imagens ou no nome dos passeios para ver mais detalhes e preços):
Cerro Castor: no inverno é o centro de esqui da região. Nas outras épocas do ano a estrutura fica fechada, mas é possível subir o cerro a pé. De lá se tem uma vista ampla e muito bonita da cidade.
Navegação pelo Canal de Beagle: passeio tradicional, bem turistão, que pode ser feito de catamarã (mais barato) ou em iate (um pouco mais caro, com menos pessoas). Durante o passeio o barco se aproxima do fotogênico farol Les Eclaireurs (o farol do Fim do Mundo) e se pode observar um pouco da vida marinha do Canal de Beagle, como leões marinhos e diversos pássaros da região e, se der sorte, até mesmo baleias. Há também uma curta parada em uma ilha muito ventosa para apreciação da flora da região. Em alguns desses passeios os barcos chegam perto da ilha dos pinguins mas não é permitido descer do barco.
Pinguinera na Isla Martillo: passeio imperdível para quem quer observar de perto muitos pinguins em seus habitats com seus ninhos e caminhar entre eles. Não é barato, mas vale a pena. Para ter acesso à ilha é necessário percorrer um longo trajeto de van (cerca de 1h cada trecho) e depois 15 minutos de barco. O tempo de permanência na ilha junto aos pinguins é de 1 hora. É uma experiência única e controlada, com número máximo de visitantes por dia, portanto recomendo reservar com antecedência.
Trekking para a Laguna Esmeralda: caminhada muito popular, recebe muitos viajantes especialmente fora do inverno. O caminho é bastante lamacento com algumas partes mais íngremes, mas bem sinalizado. Para coroar a subida chega-se a uma lagoa de águas verdes, rodeadas por montanhas nevadas. Um cenário muito bonito. Este trekking também pode ser feito no inverno, mas é preciso cautela. Em qualquer estação, recomendo levar algo que sirva de bastão para ajudar a vencer melhor as partes lamacentas. Há na cidade várias lojas que alugam equipamentos de esqui e trekking onde se podem alugar bastões de caminhada.
Trekking para o Glaciar Vinciguerra: mais uma caminhada, desta vez mais exigente e um pouco menos popular que o trekking da Laguna Esmeralda pelo seu grau de dificuldade. Para quem não tem experiência em montanha, é importante contratar um guia.
Passeio de 4×4 pelos Lagos Escondido e Fagnano: outro passeio bem turistão, feito com agência, por trilhas de terra e lindos lagos com as montanhas ao fundo, vista que rende ótimas fotos. O tour começa com uma parada em alguns mirantes, sendo o principal deles o mirante do Paso Garibaldi, de onde se pode ver de cima os dois lagos. No trajeto há uma parada para lanche e vinho em um abrigo, e para o almoço servem a tradicional parilla.
Parque Nacional Tierra del Fuego e Trem do Fim do Mundo: é onde está localizado o famoso Correio do Fim do Mundo. Há diversas trilhas no parque, entre longas e curtas, e também um restaurante. Quem não é afeito às trilhas pode fazer somente o Trem do Fim do Mundo.
Passeio de helicóptero por Ushuaia: talvez o passeio mais caro de Ushuaia, o helicóptero sobrevoa a cidade, o canal de Beagle, a Laguna Esmeralda e parte da Cordilheira dos Andes, entre outros pontos, e faz uma parada nas montanhas.
Cabo de San Pablo e Fazenda Pirinaica: este é um tour menos conhecido, especialmente pelos brasileiros. É um passeio de dia inteiro oferecido por agência, que leva os visitantes a mirantes e também até à praia onde está o encalhado o navio Desdêmona. Parte desse tour pode ser feito por conta própria com carro alugado. Não há transporte público para a região.
Cruzeiro por glaciares de Ushuaia a Punta Arenas: este é um tour para os mais exigentes e abastados. Este cruzeiro tem 4 dias de duração e percorre paisagens formadas pelas geleiras da região.
Além destas opções mais tradicionais há diversas outras que oferecem atividades como passeios a cavalo, caiaques, tour gastronômico, motos e quadriciclos de neve e trenó puxado por cachorros no inverno. No centro da cidade pode-se fazer um city tour em um ônibus histórico de dois andares, visitar o antigo presídio, o Museu Marítimo, o Museu do Fim do Mundo, entre outros pontos de interesse.
A cidade é também o ponto de partida para as viagens para a Antártida.
Onde ficar
Para quem não vai alugar carro, o ideal é ficar no centrinho da cidade ou bem próximo a ele, de preferência nas imediações da Rua San Martín. Lembre-se de que quanto mais distante no sentido oposto à orla, mais íngremes são as ruas, afinal Ushuaia é uma cidade montanhosa. As opções mais baratas são, na maioria das vezes, as mais distantes. Caso opte por se hospedar mais longe do centro ou em uma área mais íngreme, você pode usar o serviço de táxi, que não é caro.
Como se locomover na região
Além dos táxis, assim como em toda a Argentina, Ushuaia conta com uma ampla oferta de remises. Para saber qual deles vale a pena para uma determinada situação é necessário pesquisar os preços do momento. Em alguns casos pode ser mais favorável contratar um remis, cujo valor é combinado com o motorista antes da corrida, e em outros, o taxi comum, que roda com o taxímetro ligado, é mais vantajoso.
Outra opção é o Transporte Línea Regular, que são vans que levam e buscam os passageiros com horário marcado para os pontos turísticos mais populares. O serviço é um pouco desorganizado mas funciona e é uma opção relativamente econômica. Fica ao lado do posto YPF.
Para quem prefere ter mais liberdade e conforto, a melhor opção é alugar um carro. Há várias locadoras na cidade, inclusive no aeroporto. Vale lembrar que no inverno é necessário usar cadenas para transitar nas estradas da região.
Há também os ônibus circulares na cidade e, para quem está viajando com a grana muito contada, essa pode ser uma (ou a única) opção. Lembre-se de que é necessário comprar um cartão e colocar créditos nele para poder usar o sistema de transporte público de Ushuaia.
Não é incomum ver na estrada pessoas pedindo carona, que é outra opção para quem não se importa em usar essa modalidade ou para quem está sem orçamento para o transporte.
Alimentação
Há alguns pratos tradicionais em Ushuaia, sendo o mais famoso deles a Centolla do fim do mundo. Alguns restaurantes tradicionais servem esse prato e permitem que você escolha a centolla ainda viva no aquário para que eles a preparem para o seu consumo.
Mais um prato tradicional, este imperdível, é a merluza negra. Um peixe de águas muito profundas e carne branca, bem leve.
O tradicional cordeiro patagônico é outra opção muito oferecida em toda a cidade, e é comum vê-los “churrasqueando” por horas a fio na vitrine dos restaurantes. A carne é macia e suculenta, mas bastante gordurosa também.
Não preciso nem comentar que por todos os cantos você encontra bifes macios, milanesas saborosas e muita, muita parilla.
Há também uma ampla gama de cafés, lanchonetes e chocolatarias com muitas opções para os amantes dos doces.
Ushuaia oferece uma variedade enorme de restaurantes dos mais diversos tipos, para os mais variados bolsos. Reserve um tempinho para dar uma olhada nas avaliações no google das opções mais próximas ou mais atraentes de acordo com o seu orçamento e/ou perfil.
Muitos restaurantes e cafeterias de Ushuaia oferecem opções para veganos e celíacos, opções prontas para viagem como saladas e sanduíches e café da manhã completo. E há também lojas especializadas em produtos naturais e sem glúten.
Come-se muito bem em Ushuaia a preços bem razoáveis. Dependendo da fome e do lugar, um prato pode servir até duas pessoas.
Para quem pretende comprar itens para fazer refeições em “casa” ou montar lanches para viagem, há uma unidade do Carrefour e duas unidades do La Anonima na cidade.
Internet
A Claro costuma ser a opção mais barata na Argentina, no entanto, é também um pouco trabalhosa. Para comprar o chip em um quiosque é necessário ter um DNI (a carteira nacional da Argentina) ou ir com o seu passaporte em uma loja da Claro para preencher o cadastro.
A opção mais simples e que está ganhando cada vez mais popularidade é o eSim, que são chips virtuais oferecidos por várias empresas. Nós testamos o da Airalo e funcionou perfeitamente bem em Buenos Aires, Ushuaia e El Calafate, até mesmo nos locais mais remotos como a Isla Martillo. Compramos um e roteamos para o outro celular, assim ficamos ambos com sinal durante toda a viagem. Caso tenha interesse, clique no banner abaixo para ver os planos da Airalo:
Antes de comprar um eSim é importante verificar se o seu celular é compatível com esse tipo de tecnologia e configurar o chip eletrônico antes de viajar.
Outras observações
A Argentina não exige seguro viagem, mas é sempre importante ter um, mesmo que seja o gratuito do cartão de crédito. Caso queira pesquisar preços de seguros, veja aqui um agregador de seguros para você comparar os preços entre as seguradoras.
Já esteve em Ushuaia? Acha que faltou alguma informação importante neste post? Tem algo a acrescentar? Deixe aqui nos comentários.
E até breve!
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